ROSA
A intervenção desenvolvida para a exposição “Em Obras” partiu do convite da curadoria Lápis para que fosse realizado um projeto de iluminação para a fachada do casarão localizado na Av. Paulista nº 1.919. O trabalho consistiu em duas etapas que associadas tinham a intenção de estabelecer um dialogo com a o espaço da cidade e do casarão a partir da cor Rosa.
Primeiramente se deu a partir da aplicação- por todo o muro, grades e portão da fachada - de papel de seda rosa com cola, de maneira que em um primeiro momento a cor rosa renovou a fachada do casarão, que se encontrava bastante danificado. A ideia de empapelar partiu da vontade de se estabelecer uma relação temporal entre a casa e a exposição, papel com cola é algo que se degrada com o tempo e não tem muita durabilidade; nesse sentido a condição efêmera do empapelamento apontava para um processo de deterioração que o prédio vinha sofrendo.
O casarão, remanescente da Belle Epoque da elite paulistana, pode ser visto como uma ilha no cenário corporativista da avenida e encontra-se hoje em plena decadência. A exposição permaneceu em cartaz por um mês e ao seu final os papeis deteriorados produziram um novo olhar sobre a fachada; um retorno à realidade daquele espaço. De todo modo, o foco do trabalho foi o projeto de luz em que foram instalados dez refletores de vapor de sódio com gelatina rosa nas torres do muro em frente da casa, de modo que esses refletores estavam mirados para o chão da calçada, criando um corredor de luz no lado de fora do casarão, um tipo de passarela. A intenção era criar uma tensão com o passante da rua e de subverter a relação que geralmente se estabelece com esse tipo de refletor (usado para iluminação de prédios,monumentos, obras públicas) a partir, simplesmente, de um novo direcionamento deste.
A avenida Paulista é um lugar de saturação de luz , onde é muito comum a utilização desse tipo de lâmpada de vapor muito potente no sentido de chamar atenção para os edifícios ; mas o que ocorre de fato é que estes se perdem dentro desse contexto, e acabam se confundindo com a paisagem. Por isso a ideia de chamar atenção para a utilização do casarão através de uma relação interativa com o pedestre que foram iluminados e o trabalho acabou virando palco de diversos tipos de manifestações artísticas espontâneas.
O empapelamento que ocorreu no dia da abertura exposição começou no fim da tarde, a ideia era que fosse ao por-do-sol, na hora em que o céu começa a mudar de cor e ficar colorido, de maneira que ao anoitecer as luzes se ascenderiam para iluminar a performance. A ação foi uniformizada no sentido de se estabelecer uma relação irônica do trabalho com o título “Em Obras”, numa referência às obras realizadas na avenida durante todo o ano passado.
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